Monday, December 3, 2018

Não há paz sem guerra

A paz que tanto procuramos é fruto de muita guerra, pois sem luta, a paz é mera ilusão. Vou recorrer à Ciência para afirmar que as coisas caminham para desordem naturalmente. O conceito de entropia na termodinâmica, a teoria do Caos, a teoria Geral de Sistemas... Enfim, todas defendem a premissa que sem resistência a desordem é uma certeza.
Faço, assim, uma analogia às nossas vidas, pois não é diferente, se esperarmos que as coisas aconteçam sem ação efetiva para frearmos a desordem para qual caminhamos, o caos tomará conta, sem piedade. Podemos comprovar tal situação em pequenos exemplos do cotidiano.
Se não limparmos a nossa casa, suja ela ficará; se não estudarmos, ultrapassados ficaremos; se não nos dedicarmos no trabalho, substituídos seremos; se não nos alimentarmos bem, enfermos nos tornaremos; e se não cultivarmos amor, na desgraça da indiferença morreremos.
A paz não chega naturalmente, ela não bate em nossas portas, nem nos chama pelo nome, ela é fruto de muito esforço, de muita luta. E é justamente este esforço que eu me refiro como uma guerra, as guerras diárias que todo mundo precisa travar.
Em dias cada vez mais caóticos, de pressão extrema, de pessoas sem paciência, de injustiças em todos os meios, de barbaridades mil, precisamos travar diversas guerras para chegarmos são e salvos em nossas casas ao final do dia. E talvez a maior das guerras seja contra nossos próprios demônios, nossos medos, aflições, dúvidas...
Heráclito já dizia que a guerra é mãe e rainha de todas as coisas; alguns transforma em deuses, outros, em homens; de alguns faz escravos, de outros, homens livres.
A guerra de todos os dias não é uma guerra contra o outro é uma guerra contra nossos maiores temores, contra os males que querem impedir a nossa felicidade, ou seja, contra tudo aquilo que nos afasta da paz. Nesta guerra nós não precisamos de soldados, nem de armas, nem de tanques, só precisamos de boas intenções, de esforço e de muita luta. Nosso maior inimigo está dentro de nós mesmos, no nosso consciente ou subconsciente, traduzido, basicamente, no modo como lidamos com tudo ao nosso redor.
Achar que a ausência de ação, a boa intenção, nos aproximará da paz, do sossego, da calmaria, é um grande engano. É como a fé sem ação, ela é inócua.
Quanto mais preparados estivermos para as batalhas diárias, maior a chance de derrotarmos nossos inimigos mentais e, assim, fincar nossa bandeira no território conquistado. Mas é bom nunca esquecermos que a guerra nunca é ganha com apenas uma batalha vencida.
Superar o estresse, a tristeza, o ressentimento, enfim, os sentimentos ruins que nos afligem diariamente precisa se tornar uma ação constante, de vigilância, pois a paz não vem até nós, nós precisamos ir até ela. Em resumo, não há paz sem guerra.

Sunday, December 2, 2018

As lógicas do comportamento humano - o caso de um pub

Olha que interessante!! Frequento há algum tempo um famoso snooker pub da cidade. Uma casa cuja capacidade máxima é de 500 pessoas. Muito boa por sinal, com uma boa variedade e qualidade de bandas de rock. Nas quintas-feiras e vésperas de feriados a lotação geralmente tem sido máxima.
Como cientista de dados e apreciador do comportamento humano, resolvi, neste último mês, então, observar o comportamento das pessoas que lá frequentam no intuito de encontrar algum padrão interessante. E olha só, vamos às constatações.
Percebo que o público masculino tem sido levemente superior ao feminino, especialmente nas vésperas de feriados. Nos dias em que o público masculino é nitidamente superior, fica evidente um comportamento de relutância do público feminino, muitas vezes de desconforto, que, é interpretado erroneamente como uma atitude esnobe das mulheres, do tipo “está se fazendo de difícil”. Mas não é!
É nítido que muitos frequentadores vão lá para “ficar” com alguém, eu arriscaria dizer - a maioria. Quanto ao “ficar” é muito interessante de se observar. O auge da “pegação” é após a meia noite, quando o álcool teoricamente já fez seu efeito e encorajou os mais tímidos. A casa abre lá pelas 21:00 da noite. Então, a partir da meia noite, começa um declínio, cujo término se dá lá pelas 1:30/2:00 da manhã. Neste horário, a fila para pagar a conta cresce exponencialmente, influenciada também, logicamente, pelo término da música ao vivo, que geralmente ocorre lá pelas 2:00. Ou seja, é pegar ou largar até esse horário!!! 
Depois de “ficarem” os ficantes costumam se afastar do palco para conversarem, o que parece lógico, uma vez que o barulho é menor. Porém, muitos vão para a fila antecipadamente, ou seja, “vão conversar” em algum ambiente externo ao pub, criando uma lógica diferente da anterior..
Os lugares mais estratégicos, e quase sempre ocupados primeiramente, são os acessos aos banheiros e o entorno do bar, o que parece também bem lógico. No acesso ao banheiro masculino, com maior presença de mulheres e vice-versa. Próximo ao palco geralmente se concentram os grupos de amigos, bem como nas mesas de forma geral, o que também faz sentido, uma vez que estas pessoas são, visivelmente, as que mais curtem as musicas das bandas. Ou seja, não estão tão preocupadas com a tal "pegação". 
Marcar de se encontrar via redes sociais tem se mostrado uma boa ideia, pois o percentual de êxito daqueles que relataram uma boa experiência é elevadíssimo. Ou seja, isso leva a crer que neste caso já rolou uma conversa prévia, e a desconfiança teoricamente caiu. Muitos marcam pelas redes sociais e aplicativos de conversa, tanto que os celulares não param, mesmo os dois estando lá no mesmo ambiente. Mas o curioso vem a seguir...
É bastante comum entre os homens comentários sobre eventuais frequentadoras de uma famosa “casa das tias” da cidade. Isso leva a crer que as redes sociais, tais como Tinder, Par Perfeito e outras atuam como concorrentes desse “mercado”, uma vez que facilitam a aproximação e o relacionamento entre as pessoas, dispensando ou reduzindo, assim, a necessidade “daquele serviço”. Bem, é uma teoria.
Oferecer bebida às mulheres não tem se mostrado uma técnica eficiente. Conversas muito longas com desconhecidos também não. Aqueles que focam numa pessoa tem tido mais êxito do que aqueles que atiram para todos os lados. A beleza física e o porte físico são fatores importantes para as mulheres, mas não únicos. Homem tem que ter a tal “pegada” também, lógico, com gentileza. Pegada pode ser traduzida com uma “aproximação com boa autoconfiança”.
As mulheres em grupos (três ou mais) utilizam uma técnica curiosa, talvez homens também, mas não percebi. Uma das amigas do grupo tira discretamente a foto de algum homem interessante e mostra para as demais. Depois de uma avaliação pormenorizada elas se aproximam ou não deste sujeito. Não sei o que avaliam tudo, mas muitas o fazem. 
Ficar próximo de alguém, encarando-o é meio caminho andado, especialmente se as mulheres tomarem a iniciativa de começar a encarada.
As mulheres com as roupas mais ousadas (digamos saias mais coladas e curtas e decotes maiores) tendem a ficar com homens mais musculosos, do tipo “saradão”. 
Muitos grupos de amigos homens parecem precisar “ficar” com alguém a todo custo, como se isso reforçasse sua masculinidade perante o grupo. As "caçadas" são bem comuns, com grupos se deslocando para todos os lugares possíveis do ambiente. Isso é fator desencadeante de desconforto em muitas mulheres, afastando-as de alguns espaços e muitas vezes acelerando a saída das mesmas do pub.
Há um grande público de “pegadores” costumeiros, o seja, que frequentam a casa quase toda semana. Isso leva a crer que, primeiramente, gostam do ambiente, lógico, mas também que os relacionamentos que ali se dão são bem superficiais, ou seja, “fiquei um dia e acabou”.
Bem, isso é o que pude observar ao longo de apenas um mês. Não é um período tão significativo assim... Mas o que tiro dessas observações? Olha só, tiro que em quase tudo existe lógica, até no comportamento humano. Então, por mais que a paixão, a atração, a química e tudo que esteja relacionado a sentimentos conjugais seja algo bem subjetivo, ainda assim, existem muitas lógicas nas ações humanas... Vamos então estabelecer estratégias e testá-las na prática?